sábado, 1 de agosto de 2015

Aumento das taxas de energia não é uma tendência, diz secretário

Secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata fala em situação passageira e promete investimentos em novas matrizes energéticas



     O não-aumento da tarifa de energia foi uma das bandeiras de campanha de Dilma Rousseff durante a disputa pela reeleição no ano passado. Desde janeiro deste ano, entretanto, o consumidor recebe a conta de luz mais cara, graças ao alto custo da produção elétrica no País. Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata, a situação é passageira.
     Durante o evento Diálogos Capitais - Infraestrutura: O Motor do Crescimento, promovido por CartaCapital nesta segunda-feira 15 em São Paulo, Barata prometeu produção de energia por meio de novas matrizes, que devem baratear o custo, também para o consumidor.
     Barata negou que a decisão de reduzir a tarifa fosse um erro estratégico. Segundo ele, havia um "desejo real" do governo pela diminuição dos preços, mas as condições climáticas não favoreceram, por terem ido "na contramão dos movimentos de redução da tarifa". "Até a última década, acreditava-se que a matriz energética do País era apenas de origem hidrelétrica. Porém, com as alterações climáticas vividas principalmente a partir de 2013, passou-se a produzir energia prioritariamente de maneira térmica de alto custo, por meio de petróleo e óleo diesel”, destacou. Segundo o secretário, como a necessidade deste tipo de energia deve continuar por algum tempo, o governo fará leilões para contratar energia térmica mais barata, como gás e carvão. 
     Além de buscar opções térmicas mais em conta, o governo deve procurar alternativas em termos de matriz energética. “Nos últimos anos, o clima não tem ajudado e é preciso desenvolver outras formas de suprir o setor nos próximos anos”, disse. Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ, concorda. Para ele, o foco do governo deve ser no aumento de investimentos e na busca por fontes alternativas de energia. “Temos os modelos eólico e solar como possibilidades, o bagaço da cana, além do lixo urbano, comumente direcionados aos aterros", diz. "Se hoje ele é um problema, o seu uso para fonte de energia é a solução, como ocorre em países como Japão e Estados Unidos.”
     Os painéis de captação solar também foram citados e os dois afirmaram que é preciso investir mais na produção e distribuição elétrica dessa modalidade, apesar das despesas elevadas em infraestrutura. Segundo Barata, já há a redução de ICMS da energia solar em estados brasileiros como medida de estímulo não só em captação elétrica, mas também de distribuição do excedente pelo próprio consumidor. Além disso, afirmou o secretário, há proposta em estudo no Ministério da Fazenda para redução de PIS/Cofins para a energia solar. A intenção é estimular investimentos no segundo semestre, com dois leilões voltados à contratação de energia renovável, além do projeto-piloto da matriz solar em reservatórios de usinas hidrelétricas em Balbina (AM) e Sobradinho (BA). 
    De acordo com Pinguelli, o Brasil possui ampla vantagem nessa modalidade, ao contrário da energia eólica. “Além da intermitência no fornecimento por meio dos ventos, os atuais modelos de hélices no mercado não são compatíveis ao clima do país. Precisamos tropicalizá-los para que sejam uma alternativa.”
     Em relação à energia nuclear, Barata reforçou que é uma possibilidade a ser discutida e, futuramente, mais quatro usinas devem ser construídas. Já o diretor da Coppe discordou em relação ao alto custo de implementação, além dos possíveis danos ambientais. “Embora com desempenho promissor em Angra III (RJ), o que é produzido em decorrência dos reatores é um problema não só para o Brasil, mas no mundo”, destacou.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/dialogos-capitais/aumento-das-taxas-de-energia-nao-e-uma-tendencia-775.html

Ararinhas-azuis: filhotes brasileiros e quiçá uma UC

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Os dois novos filhotes de ararinha-azul, nascidos em cativeiro no Brasil, reforçam os planos de reintroduzir a espécie de volta a seu habitat até 2021. Foto: Leonardo Milano/ICMBio

      Manaus, AM - O Ano Novo traz uma grande esperança para dois filhotes de ararinhas-azuis, nascidos há dois meses no cativeiro no interior de São Paulo: a possibilidade do governo federal criar uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável com 44 mil hectares, em Curaçá (BA), região onde viviam os últimos da espécie em vida livre. A proposta da reserva já está pronta e a criação já foi até anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente, em maio. Agora só falta virar realidade.
     As ararinhas-azuis nasceram entre os dias 25 e 27 de outubro, no interior de São Paulo, em uma instituição privada, o criadouro científico Nest, que tem o endereço sigiloso por questões de segurança. São os primeiros filhotes a nascer no Brasil, desde o ano 2000. A intensão é reproduzir a espécie em cativeiro até atingir um número suficiente para que seja feita a reintrodução no ambiente natural. A expectativa é chegar a 150 aves em cativeiro antes de iniciar a soltura, prevista para acontecer até 2021.
     O diretor de Conservação da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), Pedro Develey, explica que nessa região da caatinga se destacam as matas ciliares, com caraibeiras, uma espécie de ipê que chega a 20 metros de altura. "Elas tem porte necessário para suportar cavidades de tamanho suficiente para o ninho de uma ararinha", explica. Além disso, é uma região bem conservada, situação diferente de áreas próximas ao município de Juazeiro (BA) ou a outra margem do rio São Francisco, em Pernambuco, que já estão bastante degradadas.
     A área protegida serviria também para proteger outros animais da caatinga, que ainda são encontrados por lá, como o tatu-bola. "A ararinha acaba sendo uma bandeira para outras espécies", afirma Develey. De acordo com ele, a proposta de ser um Unidade de Uso Sustentável se deve a presença de população humana e à criação de cabras na região. "Não tem como tirar as pessoas de lá e isolar a área. E não vamos conseguir tirar todas as cabras dali", explica Develey. "A idéia da integração é possível e aí você vai ter as pessoas como aliadas. Vão ver que a Unidade de Conservação ali foi positiva", completa. Entre as propostas, estão a concessão da bolsa verde a moradores da região.
Filhotes de ararinha

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"Filhotes estão saudáveis e se desenvolvem de maneira excepcional", diz o pesquisador Ramiro Dias. Foto: Leonardo Milano/ICMBio
   
   A ararinha-azul teve sua população dizimada principalmente devido ao tráfico de animais. Hoje, existem 99 em cativeiro, 13 no Brasil, incluindo os filhotes. O projeto de reintrodução é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do ICMBio (Cemave) e conta com parceria da Vale e organizações sem fins lucrativos, como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil). A última reprodução em cativeiro no Brasil havia ocorrido há 14 anos, quando nasceu Flor, mãe dos dois filhotes nascidos em outubro. A Al-Wabra Preservação da Natureza, do Catar, e Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, em inglês) e a Fundação Lymington também participam do programa.
     Os filhotes nasceram com cerca de 15 gramas (os adultos pesam entre 310 e 340 g) e, nas primeiras semanas, a alimentação foi feita pelos pais, sem interferência dos cuidadores. Depois, passou a ser feita manualmente. Eles estão saudáveis e se desenvolvem de maneira excepcional, segundo o veterinário do Nest, Ramiro Dias. O sexo dos bebês ainda não é conhecido e só deve ser revelado após análises genéticas. Os nomes das ararinhas devem ser escolhidos em uma votação pública, a ser promovida pelo ICMBio.
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Foto: Leonardo Milano/ICMBio

ararinha1Foto: Leonardo Milano/ICMBio

Fonte: http://www.oeco.org.br/noticias/28845-ararinhas-azuis-filhotes-brasileiros-e-quica-uma-uc